Resenha de Livro: Animación turística para el dialogo de saberes

Resenha de Livro: Animación turística para el dialogo de saberes

A crise ambiental e social que recai sobre o Planeta é uma prioridade que todos nós indivíduos da espécie humana devemos, não somente reconhecer, mas também estabelecer iniciativas que ajudem em sua mitigação, ao mesmo tempo em que aprendemos a nos adaptar. Uma das atividades em que os seres humanos estão mais receptivos é a atividade turística. Esse momento de relaxamento quando se pratica o lazer e a recreação pode se converter também em uma plataforma de aprendizagem. Mas isto deve estar imerso em processos solidários e reflexivos sobre a adversidade que vivem alguns indivíduos de nossa própria espécie; e também de outras espécies.

É neste sentido que o livro ‘Animación turística para el dialogo de saberes’ está concebido. Na busca de uma estratégia que permita aos seres humanos se reconhecerem como mais uma espécie do Planeta. O livro é o resultado da implementação de uma estratégia denominada Alfabetização Sócio-ecológica do Turista no Destino. Apresenta-se como marco teórico a proposta de Paulo Freire, o pedagogo brasileiro, que destaca que a alfabetização que nos é dada na escola apenas se restringe à parte instrumental, como unir as letras e realizar operações aritméticas; o que deixa de lado a alfabetização reflexiva. Essa que nos conecta com a realidade e que nos permite realizar valorações éticas sobre o que observamos. Quando se estabelece essa aproximação, podemos verificar que alguns indivíduos se encontram em situações adversas, não porque estejam carentes de criatividade; mas apenas porque as estruturas sociopolíticas os esmagam, deixando-os inertes. O turista quando consegue “ler” esta realidade, é tocado no seu sentimento de solidariedade; quando consegue “ler” desta maneira, está alfabetizado para além do que aprendeu em sua infância. Não é necessário submeter os turistas a férias repletas de movimentos contestatórios; a não ser que, nesses momentos, esteja disposto a desfrutar e ter uma experiencia lúdica, vivendo uma versão diferente do moderno.

Neste sentido, o livro apresenta uma animação turística baseada em um prato cerimonial, esse prato é o ‘mole’. É cerimonial porque se avista em qualquer ato social dos povos campesinos aldeãos. É utilizado em casamentos, batizados, velórios, aniversários, celebrações religiosas, entre outros. O ‘mole’ está presente na vida política, religiosa, cultural e econômica. É o fio que conecta as pessoas e cria redes sociais por onde as histórias constroem o imaginário dos povos. Nele pode-se constatar como a globalização se infiltrou no México porque seus ingredientes provêm de diferentes partes do mundo. A oficina do mole está dirigida pelas Sehoras Cihuame, que são, de uma certa forma, as animadoras turísticas que fazem possível a experiência ao compartilhar suas receitas através do ensinamento de como se prepara o prato; temperado pelas histórias coletivas de San Andrés Cholula, Puebla. A oficina começa às nove da manhã, quando turistas e Senhoras se encontram para comprar os ingredientes do prato. Elas conduzem os participantes das oficinas pelas bancas de verduras ou mercearias. Os comerciantes ensinam-lhes a escolher os ingredientes e contam-lhes suas histórias. Após os turistas viajarem pelas cores e aromas, terminam todos dirigindo-se à cozinha, onde se inicia a aprendizagem dos segredos de como fazer um mole embebido na tradição ‘cholulteca’. Ao final da experiência, turistas e Senhoras se preparam para comer o que eles mesmos cozinharam, acompanhado por um bom mezcal, cerveja ou pulque de neve de limão. Para digerir a comida, todos participam da representação de um casamento ao estilo campesino. As senhoras Cihuame, não somente se dedicam a fazer mole, sendo que os lucros da oficina são utilizados para a reconstrução do ex-convento Dieguino de San Andrés. O INAH outorgou-lhes permissão para isso e elas fizeram do espaço um museu, o Museo Cihuame. Deste modo, depois da representação do banquete, visitam o museu destas Senhoras trabalhadoras e valentes.

O livro recolhe, em um dos seus capítulos, este processo que as Senhoras vivem. É importante que se mencione que se trata de uma antologia de uma série de artigos e ensaios, que foram publicados em diferentes revistas arbitradas. Cada trabalho representa um progresso no projeto de investigação, tal como foi idealizado no marco teórico, na alfabetização reflexiva, na interdisciplina, na resiliência, na dialogia – para o diálogo de saberes – e na animação turística. As atividades turísticas são uma ferramenta que podem fazer com que o ser humano se reencontre consigo mesmo, não só através de atos lúdicos, mas também solidários com a sociedade e o ambiente.

María Evelinda Santiago Jiménez

Ma. del Carmen Morfín Herrera.

Março 2017.

By |2017-07-04T23:09:28+00:00julho 4th, 2017|Resenha de livro|0 Comentários